Os bancos portugueses concederam nos primeiros seis meses do ano mais de 2800 milhões de euros em novos empréstimos ao consumo, aumentando 20,5% em relação à primeira metade de 2015, de acordo com dados publicados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP).
A trajectória de crescimento é idêntica à que se verificava no ano passado. Nos primeiros seis meses de 2015, o montante dos novos contratos de crédito dirigidos aos consumidores subiu 21,9% face ao mesmo período do ano anterior.
Este ano, o balanço da primeira metade de 2015 aponta para 696.585 empréstimos contratados, mais 78 mil do que em idêntico período de 2015. Em valor, foram concedidos ao longo dos seis meses 2841 milhões de euros, uma diferença superior a 480 milhões em relação ao montante registado há um ano (2358 milhões de euros).
Os dados do banco central, referentes a Junho, mostram que nesse mês houve um crescimento homólogo de 4,6% no número de novos contratos, mas uma subida bem mais expressiva – de 17,2% – no montante destes empréstimos. Ao todo, foram concedidos em Junho 485,9 milhões de empréstimos dirigidos ao consumo. Se a trajectória é de subida em relação a Junho do ano passado, isso já não acontece na comparação com Maio, mês em relação ao qual se registou uma descida de 2,2% no montante de crédito concedido.
Já em termos homólogos, a maior subida, de 72,3%, aconteceu no segmento menos representativo, o crédito pessoal concedido para a educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos, onde foram contratados créditos de apenas três milhões de euros.
A maior fatia, de 202,2 milhões, refere-se a outro tipo de créditos pessoais dirigidos a bens de consumo do lar e outros sem finalidade específica, segmento onde se verificou uma subida homóloga de 14,1% em Junho.
O único segmento onde se registou uma quebra foi no crédito automóvel. O valor dos novos contratos para a compra de carro novo ou aluguer de longa duração de viatura caiu 18,8% face a Junho do ano passado, passando de 31,9 milhões para 25,9 milhões.
É o terceiro mês consecutivo em que há uma diminuição em termos homólogos. Ainda que o financiamento tenha voltado a baixar, o mercado automóvel continuou em alta, com as vendas a subirem em Junho 11,7%. No caso dos contratos para a compra de carro usado, o crédito concedido recuou 8%.
No Orçamento do Estado deste ano, em vigor desde 31 de Março, o Governo decidiu agravar a tributação sobre o crédito ao consumo, aumentando em 50% o Imposto do Selo aplicado a estas transacções. Além de alargar a receita fiscal, o Governo procurou com esta medida dar sinal de combate aos níveis de endividamento das famílias e de incentivo à poupança, prevendo mantê-la até 2018.
FONTE: Público (16/08/2016)